Melasma: O que temos pra hoje?

melasma

O temido melasma possui, como principais players, a melanogênese (e o déficit na varredura da melanina) em pacientes com forte influência hormonal feminina e com predisposição genética, tendo a luz como gatilho. 

Uma característica unânime é a alta recorrência do problema, mesmo se tendo acesso a tratamentos que inicialmente o eliminam. Como isso ocorre?

Bem, o melasma e sua intrincada fisiopatologia ainda não foram completamente decifrados. Porém, já se sabe que há uma série de citocinas e outros mediadores inflamatórios envolvidos no problema. Antes pensada como principal gatilho, a radiação UV, que sabidamente produz espécies reativas de oxigênio (ROS) e consequente melanogênese aumentada, não é a única implicada no melasma. A luz visível também induz aumento da pigmentação cutânea (por até 3 meses, segundo um estudo francês de 2014, e outros desde então).

Além do estresse reativo, há também ativação de células-tronco, que, infelizmente, além de presentes nas gordurinhas localizadas de difícil tratamento, também “brindaram” as mulheres no quesito melasma…

Um estudo recente aponta o melasma como um distúrbio do fotoenvelhecimento. Por todos estes fatores envolvidos, o melhor tratamento para ele incorre na combinação de produtos de uso tópico, oral, procedimentos diversos e suas associações, visando interromper os mais diversos mecanismos implicados no desequilíbrio pigmentar.

“Na minha experiência, os tratamentos mais bem-sucedidos são os lasers de baixa potência (como o Vectra e a terapia fotobiodinâmica com Fotoage), combinados com microagulhamento/ stamping (uma modalidade de “carimbo” com microagulhas que promovem nanoinfusão de ativos na pele) e peelings individualizados para o tipo de pele do paciente, envolvendo desde o ácido retinóico a ácidos sem poder de agressão (como os de frutas) e pool de despigmentantes, como o ácido tranexâmico e outros, além de antioxidantes e agentes calmantes e regeneradores como extrato de caviar, de molusco e o cacau”, comenta a Dra. Ana Carolina Rocha, médica, professora e doutoranda em cosmiatria

Mas revela: “Não inicio tratamento em peles com melasma sem uma consulta bem detalhada e minuciosa, além de um preparo individualizado da pele. Preciso que a paciente esteja sob minha supervisão para saber qual é a disciplina dela quanto aos cuidados irrevogáveis, como o uso de filtro solar diversas vezes ao dia e abstenção de exposição solar direta de forma extensa, e também quanto aos cuidados como o tratamento oral e o tópico. Somente realizo o procedimento escolhido se estou 100% confiante da adesão da paciente integralmente ao tratamento (que pode, inclusive ser CO2 fracionado, se a pele da paciente estiver bem cuidada e o protocolo for de baixa energia, seguido de drug delivery de clareadores). Esta modalidade, por exemplo, eu somente realizo em pacientes super disciplinadas, e com excelentes resultados. 

Como todo tratamento em que houver vermelhidão a paciente pode evoluir com reincidência do quadro, é crucial controlar a inflamação. “Desta forma, a paciente em tratamento já segue uma rotina de cuidados anti-inflamatórios via oral e tópica, protegendo-a dos rebotes. Continuo acompanhando a paciente por pelo menos 40 dias e ciente que ela foi realmente reeducada quanto aos hábitos de vida para poder “desmamar” do tratamento, que é insidioso e bem individualizado”, diz a médica, que atende em Brasília e Goiânia.

Com pacientes que já se livraram do problema sem rebotes, a Dra enfatiza: sem disciplina, não há ganho (no pain, no gain). Mas, com paciência e resiliência, os pacientes regulares conseguem evoluir para um estágio protegido da inflamação crônica pela luz, e controlam o problema apenas com fórmulas tópicas e orais, que combinam fotoprotetores orais, como Polypodium leucotomos e vitamina E, antioxidantes, como a glutationa e o extrato de romã e polifenois como o picnogenol, além de despigmentantes orais como o Bioblanc, dentre outros.

Dra Ana Carolina Rocha
CRM-DF 52482
Médica, mestre, doutoranda (UFG) em preenchimentos

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