Os lábios constituem o tecido mais complexo do nosso corpo: combinam epiderme, subcutâneo, músculo, mucosa, glândulas sudoríparas e sebáceas. Altamente vascularizados e enervados, são importantes órgãos sensoriais, inclusive erógenos, dentre outras funções, como aquelas relativas à expressão, proteção bucal e articulação.
Alguns estudos importantes (KAR et al, 2018; HEIDEKRUEGER et al, 2016) revelam as características preferidas de lábios em diferentes grupos, sendo o padrão mais frequentemente buscado o caucasiano (o padrão Golden Beauty para lábios femininos_ o da imagem em PB).
Por outro lado, há lábios que desafiam este padrão e são belíssimos (veja no exemplo do desenho, figurando lábios da Angelina Jolie e outras celebridades). Qual a importância disso tudo?
Em primeiro lugar, devemos pensar em proporcionalidade. Os lábios devem possuir uma métrica que seja proporcional ao tamanho e formato da face do paciente, para que seja harmônico ao olhar.
Lábios bonitos não precisam ser modificados para seguir padrões, a não ser que combine melhor com a face do paciente, que ele assim deseje, e que não extrapole o volume que seria natural para ele.
Homens com lábios neste padrão feminino podem, eventualmente, ter um aspecto harmônico quando vistos em conjunto com sua face, mas na maioria dos casos pode conferir um aspecto feminizado ao homem, sobretudo se com excesso de volume (e vale lembrar que pacientes gays do sexo masculino devem procurar manter características masculinas, se buscam beleza e atratividade, e não femininas).
Um medo recorrente de pacientes que vêm ao consultório é de ficar com “boca de pato”, um equívoco na aplicação do preenchedor por profissional que não conhece métricas e técnicas adequadas para o embelezamento labial. Muitas vezes inserem volume na porção mais externa dos lábios sem oferecer antes o suporte necessário, vou exageram em volume.
Outro erro frequentemente visto por aí são os lábios de “salsicha”. Utilizando uma técnica grosseira de tunelização labial, alguns profissionais, sem respeitar a anatomia labial e seus picos e vales, acabam por uniformizar o lábio do paciente. Este, então, parece que, enquanto fala, algo fixo, pesado e de forma rombóide desce horizontalmente de encontro ao lábio inferior. Realmente algo que denota falta de destreza e conhecimento da anatomia local, mas pode ser evitado conhecendo-se bons profissionais.
Lábios bem feitos requerem um trabalho minucioso em que a análise facial e do aparelho bucal (estrutura óssea profunda) do paciente devem ser avaliadas individualmente. Em seguida, uma ou mais sessões devem ser realizadas para se alcançar o nível de refinamento que muitas vezes desejamos.
Algo muito importante deve ser também avaliado: a etnia do paciente, e seus desejos de manter seus traços e características individuais. A pressão cultural por lábios voluptuosos gera uma busca muitas vezes cega por lábios que não combinam com o paciente, e gerando frustração.
Fica a dica se você deseja realizar uma escultura labial com preenchimento: menos é mais!
A Dra. Ana Carolina Rocha é médica, doutoranda em preenchimentos (UFG), Fellow of TXID (EUA), speaker Sinclair Pharma e referência internacional em preenchimentos e laser (World Congress of Dermatology – Itália, CILAD – SP, International Congress of Dermatology, Argentina, Congresso nacional _português_ de medicina estética; já realizou 3 cursos para médicos nos EUA e em Portugal).