O Tal “Corpo do Verão”

corpo sarado verao dra ana carolina rocha

No Brasil, convencionou-se a cultura imediatista de se apressar para ficar com o corpo sarado para o verão após um ano de hábitos ruins.

Na verdade essa prática deveria ser evitada, já que não trabalha a reeducação dos hábitos. As pessoas que se cuidam o ano inteiro (da “geração saúde“) não precisam se sacrificar tanto em curto espaço de tempo, nem sofrer em não conseguir resultados rápidos como desejariam para os seus eventos de final de ano.

Muitas vezes as pessoas me perguntam: “mas você vive de dieta?”… Sim, vivo. Pois não dá pra descuidar todos os dias o ano inteiro e chorar as pitangas depois. O normal é o indivíduo sempre zelar por sua alimentação, e não o contrário. É claro que haverá eventos e situações em que você não poderá escolher o que comer e beber, ou que você propositalmente escolherá comer um super hamburger ou uma sobremesa deliciosa.

E não dá pra deixar de treinar: o corpo humano foi feito para se locomover, e a prova disso são nossas articulações complexas e nossa facilidade em ganhar peso ao optarmos pelo sedentarismo.

Então, é claro que o centro de todo tratamento corporal deve ser bons hábitos alimentares e treinos regulares. E por treinos regulares, devemos ter em mente que o ideal é manter o corpo em atividade ao menos 4 vezes por semana, sobretudo as mulheres, pois caminhada e musculação nesta regularidade já são capazes de prevenir osteoporose. Aliás, o treino regular previne mais de 20 doenças, segundo alguns estudos.

O treino anaeróbio (musculação) é fundamental para proteger músculos da degradação (perda de massa magra), e também para proteger ossos e articulações. Quem treina apenas exercícios aeróbicos corre sérios riscos de lesar articulações, em especial, coluna e joelho, que muitas vezes requerem tratamentos complicados.

Uma vez instituída uma rotina regular de treinos e dieta saudável (a dieta hiperprotéica é importante para a mulher produzir colágeno), vamos aos tratamentos estéticos. O que podemos fazer para otimizar resultados de definição muscular, secar a temida barriga, aplacar a celulite e esculpir os braços?

Dentre os mais diversos tratamentos disponíveis, vou citar alguns que considero super importantes para consolidar resultados e fabricar novo colágeno, muito embora o planejamento destes tratamentos deva ser sempre individualizado.

Criolipólise: A criolipólise é uma técnica de adipólise (queima de gordura) já consagrada, que encontrou comprovação científica em estudos de Harvard. Utiliza-se de um método de “geladura” profunda, em que o panículo adiposo é atingido por temperaturas de -7 a -11 graus Celsius. Com isso, boa parte das células de gordura sofre apoptose (morte celular programada) e é eliminada pelo metaboliso de forma progressiva nos 3 meses seguintes. Ela realmente funciona para adelgaçar regiões de gordura localizada. Mas é importante esclarecer que o resultado na região varia: pode ser de 10 a 30%. Vários fatores interferem, como plasticidade do tecido (que deve ser “envelopado” por sucção pela ponteira do aparelho para poder atingir tecidos profundos), drenagem linfática e metabolismo do indivíduo, boa regulagem do aparelho, uso de mantas adequadas (produzidas com tecnologia da Nasa, para proteger a superficie da pele) e ainda, associação com outras técnicas, como radiofrequência, infravermelho (mantas específicas) e drenagem pós-procedimento. O número de sessões costuma variar de 1 a 8.

Radiofrequência: O equipamento mais elementar para tratamento de flacidez. Técnica de hiperaquecimento da derme (região profunda da pele onde se alojam as fibras de colágeno), forçando o tecido a produzir novo colágeno e redensificar a região. Os resultados dependem da potência dos aparelhos, e costumam oferecer melhores resultados com aqueles de uso exclusivamente médico.  O número de sessões varia de 6 a 20.

Criofrequência: Aparelho que combina choques de baixa temperatura com o hiperaquecimento da radiofrequência, promovendo um grande estímulo de produção de colágeno e retração de pele. Enquanto  a ponteira de ação “congelante” resfria a superfície, ondas eletromagnéticas de alta potência geram um calor intenso (+60°C) nas camadas mais profundas da pele. Com tal choque térmico, há um hiperestímulo metabólico e quebra de células de gordura. Ademais, ocorre a produção de novas fibras de colágeno e elastina. Esta tensão ou retração de pele é como um efeito lifting no tecido flácido, em cicatrizes e em áreas de celulite. As sessões variam de 6 a 20.

Endermologia associada a laser vermelho e ultrassom (Velashape, Powershape, Ultrashape…): Estes aparelhos também têm feito sucesso por combinarem várias técnicas e por permitirem configurações individualizadas para diferentes pacientes, com maior ou menor calor, maior ou menor pressão de vácuo e drenagem, ação antiinflamatória nos quadros de celulite, e até mesmo uma massagem miofascial. Considero excelentes, mas ainda prefiro a criofrequência para flacidez e celulite, sobretudo quando o escopo de tempo é curto.

Intradermoterapia: Também conhecida como mesoterapia, é uma técnica de aplicação de injetáveis na pele ou no tecido gorduroso, visando tratar celulite, estrias ou otimizar a queima de gordura. Para celulite são utilizadas substâncias que agem em todas as causas: inflamação, acúmulo de gordura, desvitalização tecidual e perda de colágeno. Para estrias são utilizados ácidos, vitamina C, silício, cobre e outros blends para estimular uma nova cicatrização (visando estreitar a distância entre as bordas). Para tratar a gordura localizada são utilizadas substâncias termogênicas. As sessões são semanais e o número delas varia individualmente.

Aplicações intramusculares: Neste caso, medicamentos injetáveis são utilizados para acelerar o metabolismo (teacrina, cafeína…), aumentar a definição muscular (aminoácidos) e controlar a ansiedade e a compulsão por doces (triptofano, entre outros). As aplicações semanais e o protocolo varia de paciente para paciente.

Bioestimuladores de colágeno: Procedimentos médicos com aplicação de injetáveis ou fios reabsorvíveis. Os injetáveis são os preenchedores bioestimuladores de colágeno chamados hidroxiapatita de cálcio (Radiesse) e policaprolactona (Ellansé) ou o ácido poli-l-láctico (Sculptra). Estes provocam uma reação de corpo estranho, induzindo o organismo a fabricar colágeno intensamente ao redor do produto, volumizando, corrigindo imperfeições e produzindo até mesmo efeito lifting. São necessárias ao menos 4 sessões mensais, e as avaliações servem para replanejar o tratamento, quando preciso. São os tratamentos mais eficazes para celulite e flacidez, sobretudo em nádegas, braços, região acima do joelho e pescoço. Além de tratar a celulite, muitas mulheres buscam o tratamento com bioestimuladores para obter o resultado de “Brazilian But Lift”, ou seja, uma certa “empinada” no derrière. Os fios de colágeno podem ser usados isoladamente ou em combinação com eles e outros tratamentos. Estes promovem um resultado cumulativo, e devem ser repetidos a cada 3 meses num total de 4 sessões para se obter resultados satisfatórios na maioria dos casos (não complexos). Os fios duram 1 ano, enquanto os injetáveis de 1 a 2 anos, dependendo do material.

Por que costuma-se optar por aparelhos em primeiro lugar? Por serem de aplicação menos complexa e mais em conta. Porém, depois de uma série de 10 sessões de aparelhos e massagens é comum o próprio paciente se interessar pelos tratamentos mais avançados, uma vez que eles oferecem resultados mais interessantes e duradouros.

A ressalva é que estes tratamentos mais invasivos necessitam de um certo tempo para o paciente se recuperar dos hematomas. Então nada de deixar pra “cara do gol”: tratamento facial e corporal merece um planejamento prévio e um tempo para se poder curtir os resultados. Estes tratamentos que induzem aumento de produção de colágeno em torno de 435% (segundo estudos com ácido poli-l-láctico) somente produzem tal efeito 3 meses após a aplicação, quando o seu organismo já fabricou colágeno em torno do produto.

Então a dica é: programe-se, cuide da sua saúde em primeiro lugar, e previna, sempre que possível, pois remediar torna o processo mais lento e gradual, e mais oneroso também, pois depressões da celulite e flacidez avançada, assim como as rugas, são mais difíceis de tratar quando o comprometimento é mais profundo e grave.

 

Por dra Ana Carolina Rocha

Médica, autora, speaker GetFit4Life

Fellow of Texas Institute of Dermatology, Doutoranda (UFG) em preenchimentos

Mestre (UFG) em lúpus

www.anacarolinarocha.com.br

 

 

 

 

 

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